Maria Palha

"É extremamente útil aprendermos a zangarmo-nos, mas é mais importante saber como fazê-lo"

Recebemos a psicóloga e psicoterapeuta Maria Palha no Era o Que Faltava. Na conversa, Maria Palha partilhou uma visão sobre os conflitos psicológicos que uma guerra pode trazer: “A zanga é uma coisa muito comum neste momento. É extremamente útil aprendermos a zangarmo-nos, mas é mais importante saber como fazê-lo”. Por exemplo, conversas estereotipadas é de evitar porque, neste momento, este tipo de reações vai escalar o conflito. Temos de ter a consciência do que pode acontecer, qual é o impacto emocional e psicológico de estarmos a viver esta guerra. Mesmo que à distância, permite-nos ir introduzindo e ajustando ferramentas necessárias para o nosso bem-estar e para a nossa família”.

Nesta conversa com João Paulo Sousa e Ana Delgado Martins, a psicóloga explica que na guerra existem dois polos que se revelam: “a guerra traz o mais desumano, mas também traz o mais humano. É inevitável em todas as guerras, independentemente de eu estar no terreno a atuar com um grupo de homens na linha da frente ou com um grupo de crianças, há sempre uma parte muito humana. Recordo-me de uma vez em que eu estive na Síria e as mulheres estavam num bunker, era um ponto de proteção e elas não tinham nada, tinham perdido tudo. Ainda assim, mal eu cheguei aproximaram-se com um chá, isto é maravilhoso!”.